Berlim Alexanderplatz: A história de Franz Biberkopf, de Alfred Döblin, é uma das obras mais marcantes da literatura modernista alemã. Publicado em 1929, o romance acompanha a difícil reintegração de Franz Biberkopf à sociedade após sair da prisão por homicídio. Ambientado em uma Berlim fragmentada e caótica durante a República de Weimar, o livro mistura narração tradicional com colagens de textos jornalísticos, músicas populares e vozes urbanas, refletindo o ritmo frenético e desumanizante da vida moderna.
Döblin constrói uma narrativa densa e inovadora, na qual a cidade não é apenas o cenário, mas quase um personagem onipresente que molda o destino de Franz. A obra trata de temas como a marginalização, a violência, o desemprego e o embate entre livre-arbítrio e fatalismo. O protagonista, confuso e impulsivo, é ao mesmo tempo vítima e agente de seu próprio sofrimento, lutando para manter alguma dignidade em meio ao colapso moral e social ao seu redor.
Desde sua publicação, Berlim Alexanderplatz tem sido reconhecido como uma obra-prima do romance urbano moderno. Sua linguagem fragmentada e seu estilo cinematográfico antecipam técnicas posteriores do século XX, influenciando autores como James Joyce e cineastas como Rainer Werner Fassbinder.
A relevância da obra persiste por sua crítica contundente à alienação no mundo moderno e por sua capacidade de captar, com intensidade e lirismo brutal, a luta de um homem comum contra as engrenagens de uma sociedade indiferente. É um retrato sombrio e visceral da cidade e do ser humano diante do colapso das estruturas tradicionais.