O autor Paulo de Rezende viveu sete anos na então União Soviética, de 1960 a 1967, em plena Guerra Fria. Esse período marcou profundamente sua experiência de vida. "A Rússia é a minha juventude. Aos 82 anos, ela está no meu espírito", resume.
A decisão de escrever um livro sobre as origens primitivas da Rússia é, ao mesmo tempo, um tributo a essa experiência e uma tentativa de traçar uma retrospectiva histórica e cultural que ajude a entender os conflitos seculares entre a Rússia e a Europa Ocidental. Além disso, é uma crítica à russofobia que se instalou no chamado Ocidente, a partir da guerra na Ucrânia. "Em breve nos proibirão de ler Tolstoi, Gogol, Tchekhov, Pushkin, Dostoiévski, Blok ou Akhmatova, de ouvir Scriabin, Tchaikovsky, Mussorgsky ou Stravinsky, de assistir aos filmes de Tarkovski" - escreve.
O livro também destaca que nem tudo é conflito na história da relação da Rússia com as principais nações da Europa Ocidental. Há interações, influências e experiências que enriqueceram mutuamente ambos os lados historicamente. Ele lembra uma frase de Dostoiévski para reforçar essa ideia: "Cada pedra desta Europa nos é querida".