Pensar em migrações hoje é pensar para além da simples visão de deslocamento desatrelado de contextos excludentes, nos quais a pobreza, a fome e a falta de oportunidades em geral constituem-se fatores de mobilização humana pelo globo. Não é uma escolha pessoal. É uma condição determinada pelo próprio sistema social. Neste ponto, precisamente, há uma linha tênue entre o ser e o não ser. Quem são, portanto, o migrante e o refugiado? O que é cidadania no contexto das migrações e do refúgio? Como pensar a cidadania quando ela não está alinhada ao branco (hétero, inclusive!), ao nacional, ao oficialmente dentro da lei e ao estabelecido? Os migrantes e refugiados estão na linha central da exclusão, do racismo cultural e da exploração social. Seria pretensão desta coletânea, embora tenha boas intenções, responder a estes questionamentos de maneira precisa e contundente. Certamente, não seria possível fazê-lo. A realidade é muito maior que a teoria. Entretanto, mesmo não sendo conhecedora de tudo, a experiência dos sujeitos aqui mencionados permitiu chegar perto de algumas respostas. Talvez mais do que respostas, os capítulos delineados nesta coletânea trazem reflexões importantes para pensar a questão das migrações e do refúgio parelhada com a premente convicção dos direitos humanos.