Durante muitas décadas, imperialismo foi um conceito-chave para interpretar a dinâmica e os movimentos globais do capitalismo e das nações centrais em relação à periferia do sistema. Sua proeminência explicativa se deu pela capacidade de revelar as articulações do capital para se reproduzir em diferentes etapas de desenvolvimento. À certa altura, no entanto, o conceito imperialismo foi quase abandonado, inclusive entre a esquerda.
Se essa saída de cena pode ser datada sobretudo após a queda das experiências socialistas do leste europeu e o consequente triunfo do neoliberalismo, não fica claro porque o conceito foi deixado de lado, tendo em vista não apenas a continuidade de formas neocoloniais de dominação, mas o próprio reforço de sua validade pelos acontecimentos do fim do século XX.
Neste livro, a economista Juliane Furno disseca a longa tradição teórica sobre o imperialismo a partir das obras de seus principais formuladores. Sua análise caminha com a experiência histórica concreta, o que dá sentido especial a esse último movimento de relativo abandono, para apontar em direção contrária, a da atualidade e utilidade do conceito imperialismo para compreender o mecanismo de dominação por excelência do capitalismo em nossos dias. Com linguagem acessível, Furno traz aqui um convite à reflexão crítica sobre um tema essencial para as lutas do nosso tempo.