Nascido num sertão deste país, numa família camponesa impregnada de um catolicismo com ares medievais, o herói desta história, quando criança, ao ouvir histórias de santos, e inspirado pela religiosidade católica-medieval que se praticava naqueles grotões, imaginou tornar-se santo. Quando foi à escola e ouviu lições sobre os mártires e heróis nacionais, desejou tornar-se o mártir-herói mais glorioso de todos os da História. Santo ou herói, ambicionava superar todos os precedentes... Mesmo sem vocação religiosa, vê na carreira sacerdotal um caminho para se tornar santo e herói, e conquistar... a glória. Diz a seus pais que deseja tornar-se padre, e então é levado ao seminário; mas não se adapta à vida comunitária e religiosa, e então foge de lá. Perambula pela cidade do Rio de Janeiro por alguns dias. Encontra um mendigo com uma história diferente, mas tão complexa quanto a sua; eles se identificam, se solidarizam e se associam na marginalidade. Porém o personagem estranhamente humano desta história também não admite e não se satisfaz nessa condição: torna-se uma espécie de mendigo-hippie-filósofo, e assim definha. Trata-se de uma ficção concebida no ano de 1974, mas é possível que hoje ela encontre ainda maior verossimilhança do que naqueles tempos.