De um lado a liberdade, que precisa ser conquistada a cada dia, a cada luta. Do outro, a realidade, que delimita, frustra, solta e cerceia. Entre essas duas instâncias estão os sonhos. Alguns podem ser banais, às vezes reproduzindo cenas do cotidiano. Mas os mais estranhos e contundentes são aqueles com maior potencial de transformação. Neste ensaio, Devanir Merengué discorre sobre o sonho na clínica psicodramática. Apoiado em Foucault e Moreno, propõe um psicodrama nômade, de reconstrução constante e em diálogo com outros saberes, como política, artes, sociologia, filosofia e as diferentes linhas da psicologia. Com base em relatos de sonhos, o autor discute conceitos como verdade, fascismo e neoliberalismo, mostrando que - para além de questões pessoais e singularidades - no material onírico podem estar representados problemas sociais e políticos bem mais amplos. A possibilidade libertária dos sonhos - vistos como brecha para a transformação - atravessa todo o texto, levando o leitor a refletir sobre os tempos difíceis que vivemos.