O estudo definitivo das obras jurídicas de Afonso X aplicadas aos seus poemas sobre milagres.
Embora seu meio tivesse semelhanças impressionantes com o Velho Oeste, o povo da Espanha medieval estava preocupado em construir leis válidas e aprender a melhor forma de cumpri-las. Essa obsessão pela legalidade aparece em poemas épicos, canções, histórias e até mesmo em milagres da Virgem Maria. Os estudiosos em grande parte falharam em ver a utilidade de considerar juntamente os diferentes tipos de texto produzidos sob o reinado de Afonso X, preferindo vê-los isoladamente ou em conjunto com a literatura posterior.
Ao investigar o que os variados projetos do scriptorium de Afonso X têm em comum, bem como as divergências, podemos abordar melhor os ideais subjacentes manifestados em cada texto. A sociedade do século XIII que eles retratam, então, entra em foco brilhante.
Este livro propõe uma nova direção para todos esses estudos ao sugerir uma comparação inédita entre as Cantigas e os demais textos do scriptorium de Afonso X. O programa legislativo, que apresenta as diretrizes para a vida cotidiana, manifesta o modelo teórico do rei para uma sociedade ideal. Nas Cantigas de Santa Maria, repetidas vezes, esses mesmos ideais são dramatizados para a edificação de seu público. Nessas canções, Afonso permite que Maria trabalhe para ele, promovendo seu programa político para Castela.
O material jurídico não apenas apoia as análises sobre as Cantigas, mas também fornece um contexto teórico contra o qual as histórias de milagres se desenrolam. A comparação dos resultados com o ideal jurídico dá uma visão mais realista e abrangente da vida cotidiana em toda a Península Ibérica de Afonso X. Ambos os textos cumprem uma função didática que unifica as obras díspares do rei e forma a base da cultura castelhana.